Gostei de ver a defesa do Rafa por parte do Benfiquismo ao ataque que lhe foi movido após a derrota contra a Sérvia. Não deixaram que ligassem um jogador do Benfica ao falhanço do apuramento direto. Mostraram com números que o Rafa é dos menos responsáveis do que acabou por acontecer.
O problema é que dentro de portas fazem a outros jogadores do Benfica o que tentaram fazer ao Rafa na selecção. O Gabriel na época passada não jogou na pré eliminatória da Champions, não jogou na Supertaça, não jogou na meia final da Taça da Liga, não jogou na final da Taça de Portugal, fez 45 minutos dos 180 com o Arsenal e quando perdeu a titularidade o Benfica passou de uma distância de 2 para 15 pontos do primeiro em 10 jornadas. No entanto um dos grandes problemas do meio-campo do Benfica sempre foi o "picanhas". Agora na falta de Gabriel já passou a ser Meite. E noutras ocasiões Pizzi, Taarabt, André Almeida, etc... Tudo jogadores que já nem são titulares do Benfica mas que quando a coisa corre mal são os primeiros a quem é apontado o dedo.
O que se tem visto da selecção nos últimos largos anos é um one man show. Tudo gira a volta de um jogador. O apuramento direto para o mundial sempre foi tido como um dado adquirido. Bastou ouvir as declarações do Fernando Santos antes do jogo. Na realidade o verdadeiro objetivo sempre foi o de Ronaldo bater o recorde de golos em selecções. O resto era secundário. Antes dos interesses da selecção vêm sempre os interesses de um jogador. Isto não é de agora. Já vem desde os tempos Paulo Bento. Até se começar a aproximar do recorde de golos quantas vezes é que Ronaldo esteve em jogos amigáveis? Quantas e quantas vezes foi dispensado para poder estar bem nos seus clubes enquanto os outros não tinham o mesmo tratamento? Acham isto saudável? Acham coincidência aquela falta de motivação durante 90 minutos num estádio da Luz cheio?
Mas se com o mal da selecção eu posso bem, já com o do Benfica não. E infelizmente tal como lá, nós também andamos por cá há dois anos neste processo de colocar um jogador acima do clube. E se na selecção ainda estamos a falar de um dos melhores jogadores de sempre, aqui estamos a falar de um dos maiores bluffs de sempre.
Tudo começa na direcção que após a sua chegada teve meio ano para perceber que o jogador não encaixava no clube. O Thiago Alcantara não encaixou no estilo do Liverpool. Tiveram meia época desastrosa. O que é que fizeram? Foram contratar meio plantel para o poder encaixar ou ele saiu da equipa? O que é que o Bayern fez quando o plantel rejeitou treinadores como Ancelotti ou Kovac? Trocou o plantel ou de treinador? E o que é que o Benfica fez no último ano e meio? Trocou de presidente, treinador, plantel e sistema de jogo. Estamos num ponto em que são os centrais que têm de sair da defesa para ir pressionar a frente do trinco ou os extremos que lhe têm de fazer as dobras. Não contratámos mais nenhum jogador de raíz para aquela posição e ainda despachámos todos os que existiam no clube.
Mas o problema vai ainda para lá da direcção e treinador. Está na cultura que se vive hoje no Benfica onde as aparências é que contam. Não interessa o que os jogadores dão ao clube. Desde que tenham pinta e boa imprensa está tudo bem. Para quem assiste aos jogos do Benfica na BTV não é novidade os habituais 5 minutos de autênticos felacios por parte de Helder Conduto e Rogério Matias. Também não é novidade o prémio MVP já instituido nas redes sociais para o mesmo jogador.
No Benfica de hoje existem jogadores com 100 vidas e outros com 1. Com Gabriel na época passada entramos a vencer 7 jogos seguidos (média superior a 3 golos por jogo). Ao oitavo perdiamos por 2-0 ao intervalo, saiu e perdeu o estatuto de titular. Meite fez 4 jogos seguidos a titular para o campeonato. Ao quarto fomos para o intervalo a perder por 1-0, saiu e nunca mais foi titular. Florentino que lidera a tabela de desarmes e intercepções numa das melhores ligas do mundo nem oportunidades teve. Grimaldo anda há anos a enterrar o Benfica e por lá continua (e fala-se em renovação). Nunca contratamos ninguém para lutar pela titularidade com ele e entretanto o único que saiu da formação capaz de o fazer foi despachado para o Arsenal por 8M. E ainda andaram a gozar com o Arsenal nas redes sociais por o terem contratado. Agora é o que se vê.
O Benfica há 2 anos atrás tinha uma cultura de vitória. Fez uma das melhores primeiras voltas de sempre. Para proteger a coqueluche insistem que já jogavamos pouco, que ganhavamos os jogos a rasca e sempre no final. Pois bem. Em 19/20 até há 16ª jornada o Benfica tinha 14 vitórias em 15 jogos. Dessas 14 vitórias 6 foram goleadas e apenas 5 jogos foram ganhos pela margem minima. Desses 5, 4 foram fora de casa entre jogos da Liga dos Campeões e apenas contra o Moreirense marcámos depois dos 80 minutos. Também dizem que era de um grande momento do Vinicius mas o Vinicius so entrou na equipa já com 2 meses de época. Antes disso já tinhamos goleado o Sporting para a Supertaça ou o Braga na Pedreira. Tivemos também lesões prolongadas de André Almeida, Rafa e Chiquinho e isso não nos impediu de vencer.
Não dava para a Europa? Com uma defesa com Tomás Tavares, Ruben Dias, Ferro e Grimaldo como aconteceu na maioria dos jogos da Liga dos Campeões não podia dar. Principalmente num grupo com 2 equipas que acabaram como semi-finalistas dessa época. Ainda assim por 5 minutos que estivemos quase a passar a fase de grupos.
A verdade é que passados 2 anos e mais de 150M depois ainda não conseguimos voltar ao nivel que tinhamos nessa altura. E se a espaços nos chegamos a aproximar isso deveu-se muito a entrada de Lucas Verissimo na equipa e a mudança para 3 centrais. O problema é que este sistema e esta forma de jogar só funciona com defesas com bloco alto. Contra blocos baixos é preciso arriscar. E neste Benfica não se arrisca porque não temos um meio campo que seja capaz de travar contra ataques adversários. E agora com a lesão de Lucas Verissimo vamos ter um problema dos grandes.
Do jogo com o Braga, para além do resultado obviamente, a grande noticia foi a entrada de Paulo Bernardo. Com bola para mim nunca foi duvida. Faltava ver como é que se comportava sem ela num jogo desta dimensão e parece estar pronto.