E tudo o Benfica mudou

Foi há pouco mais de um ano que pela primeira vez na minha vida, estando num restaurante e o Benfica estando a jogar, não consegui ver o jogo na televisão. Nesse dia era a final da Libertadores e todas as televisões desse restaurante estavam sintonizadas nesse evento. E eu era o único ali interessado em ver o Benfica. Tive de ver o jogo no meu telemovel enquanto todos vibravam com o Flamengo de Jorge Jesus.

Era neste estado de transe colectivo que se encontrava o país com Jorge Jesus. Os jogos do Flamengo passaram a ser transmitidos pelo canal 11. Pela primeira vez vi o campeonato do mundo de clubes ser transmitido em sinal aberto na RTP (nem presenças de Ronaldo valeram a transmissão). Todos elogiavam Jesus e até jornalistas brasileiros foram atacados por o criticarem. Eram unanimes em dizer que já merecia um grande clube europeu. Já se falavam em prémios de melhor treinador do ano e até ao palácio de Belém foi receber uma medalha do Presidente da República.

Agora é só nos lembrarmos bem desses tempos, onde esse estado de graça era usado para desestabilizar Bruno Lage que na altura estava na liderança do campeonato, e camparar com estes últimos meses de Jesus no Benfica. E tal como eu já tinha previsto quando dei as boas vindas ao seu regresso ao Benfica todo o estado de graça desapareceu e os ataques sucedem-se.

Basta ver o que aconteceu após este jogo com o Maritimo. Foi o CNID de Manuel Queiroz (e também uma jornalista do canal 11 que vou focar mais a frente) a tentar manchar a imagem de Jesus com machismo. Felizmente para Jesus que ainda tem amigos na CS que desmascaram estes ataques. Foi o Elvas e também muitos jornalistas e comentadores que ficaram muito indignados com as criticas de Jesus ao anti-jogo do Maritimo.

E agora chego a Sofia Oliveira. Para quem não conhece é uma anti-benfiquista primária que nunca esconde o seu ar de enfado sempre que o tema é o Benfica. Na semana antes do Maritimo ir ao Dragão ela teve esta intervenção. Nessa semana o canal da FPF lembrou-se de falar do anti-jogo do Maritimo num Maritimo vs Tondela. Foi-se ao pormenor do tempo perdido com lesões (minutos e segundos) e do tempo que deveria ter sido dado pelo árbitro. E como se vê na tal intervenção não faltou o ataque a Lito Vidigal e direcção do Maritimo por permitir que a equipa tivesse aquela postura. O que o canal da FPF fez foi, descaradamente tentar condicionar o treinador, estrutura e jogadores do Maritimo bem como o árbitro do Porto vs Maritimo. E o árbitro conseguiram.

Mas agora os mesmos já se indignaram com o que o Maritimo fez durante 52 minutos contra o Benfica? Com 4 ou 5 paragens para assistência ou com os mais de 20 segundos que cada pontapé de baliza demorava? Essa luta já não lhes interessa?

Não só não interessa como já passaram ao ataque a Jorge Jesus com a tal Sofia na linha da frente a fazer o mesmo que o presidente do CNID. Agora também já todos acham que é normal o anti-jogo, dada a diferença de orçamentos. Isto incluindo benfiquistas que há umas semanas atrás andavam a partilhar o video de Sofia Oliveira.

Com o que ninguém se importa, incluindo o presidente do CNID é com os insultos, agressões ou cuspidelas que um determinado treinador vem brindando o futebol português nos últimos anos. A esse é que tudo é permitido e ninguém se atreve a criticar ou a fazer uma pergunta dificil nas conferências de imprensa.