terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Jorge Jesus vs Marco Silva



O que se passou no dia seguinte a mais um dérbi foi mais uma demonstração do quão reles é a imprensa desportiva nacional (ver aqui) e do anti-benfiquismo nunca visto que está entranhado em tudo o que é orgão de comunicação social.

"O Benfica jogou como uma equipa pequena", "O Benfica é um campeão de trazer por casa", "O Benfica não joga nada", "Sorte grande", "Só o Sporting quis ganhar", "Injustiça", etc, foram algumas frases que li e ouvi hoje com alguma (já pouca) perplexidade.

Vamos começar pelo início. O Benfica chegou a Alvalade, a deslocação mais difícil que tinha até final do campeonato, com 3 pontos de avanço sobre o Porto e 7 sobre o Sporting. Para o Benfica a vitória era praticamente um xeque-mate no titulo, o empate seria mais um passo importante para atingir esse objectivo e a derrota mantinha a equipa na frente ainda com o plafond para mais uma derrota sem perder a liderança. Para o Sporting era o jogo do tudo ou nada.

Penso que não é por isso de estranhar que o Benfica entrasse em campo com uma estratégia de maior contenção e de menor risco no ataque à baliza adversária. E o Benfica entrou assim porque podia. Porque entrou em campo com vários pontos de avanço conquistados sobre os rivais. Para além disso faltavam 2 jogadores muito importantes (Gaitan e Ruben Amorim (único verdadeiro substituto de Enzo no plantel), para além de Júlio César). Assim adoptou a estratégia mais normal nestes casos. Esperar que o adversário arrisque no ataque e abra espaços atrás para depois no contra ataque fazer estragos.

A questão é que estranhamente o Sporting não arriscou nada. O suposto massacre traduziu-se em 52%-48% em posse de bola e 4-1 em remates à baliza. Destes 4 remates 2 deles foram de Montero sem qualquer perigo porque despachou a bola quando não tinha colegas a quem a passar. O único item onde o Sporting foi claramente superior foi nos cantos com 10-1.

O momento mais marcante do jogo em termos do banco de suplentes e aquele que demonstra o quanto a CS distorceu os factos do jogo é quando Marco Silva decide arriscar e chamar Capel e Tanaka para entrarem aos 80 minutos (repito aos 80 minutos) e ao qual Jesus respondeu logo com a chamada de Pizzi para aproveitar o que se previa a saída de um dos médios do Sporting. Marco Silva ao perceber isso teve medo e congelou as substituições tendo a sorte de um corte de Samaris isolar João Mário para a jogada que deu o golo ao Sporting. É por esta razão que Jesus diz que pensou que o jogo ficaria 0-0. Porque o Sporting não arriscava quando precisava de o fazer e porque obviamente o Benfica não iria arriscar no ataque quando não o precisava de fazer.

Mas o jogo dos bancos não ficou por aqui. Jesus arriscou imediatamente tudo colocando Derley e Pizzi partindo a equipa ao meio para jogar no jogo directo. Marco Silva mais uma vez demonstrou que está muito verdinho e em vez de reforçar a defesa e o meio-campo protegendo a sorte que lhe tinha caído nas mãos decidiu perder tempo refrescando apenas o ataque. O resultado foi este:



No último lance do jogo, o que a CS social decide chamar sorte foi apenas a lei das probabilidades a funcionar. Se uma bola é colocada numa zona onde estão 7 jogadores de uma equipa contra 5 de outra é normal que a equipa que tem 7 jogadores a consiga ganhar por muito organizado que seja o adversário. E foi isso que aconteceu. Jonas disputou a bola com Jefferson que conseguiu o corte mas para a entrada da pequena área onde não estava ninguém do Sporting e estava Jardel.

É por isso que acho inacreditáveis as análises feitas à partida. O que aconteceu ontem foi um Sporting com medo de perder o jogo e sem ambição para se tentar relançar na luta pelo titulo. E quando o 1-0 lhe caiu do céu não soube defender o resultado. O lance do golo do Benfica é elucidativo. Era o último lance da partida e 4 jogadores do Sporting estavam perto do meio-campo e outro à entrada da área enquanto a bola era disputada dentro dela.

Resumindo o Sporting a ter obrigatoriamente de ganhar não arriscou nada para vencer o jogo tendo até a felicidade de obter o golo sem ter feito nada para isso. Aos 87 minutos tinha apenas uma substituição feita numa troca de extremos. E quando nesse minuto obteu o golo não soube defender a vantagem. Não consigo perceber no meio disto tudo onde ocorreu um massacre ou uma tremenda injustiça. Aliás não consigo perceber no meio disto tudo como é que foi o Benfica a equipa "pequena" se quem precisava de ganhar não arriscou um milímetro. Fez-me até lembrar a famosa conferência de emprensa de Scolari que faz todo o sentido neste caso.

P.S. - Jorge de Sousa fez o que costuma fazer. Empurrou o Benfica para trás com algumas faltas por marcar sobre os jogadores do Benfica (maior parte sem repetições da Sportv). Em duas das poucas faltas que marcou a favor do Benfica cortou 2 possíveis contra-ataques do Benfica que tinha ficado com a bola em seu poder nessas jogadas. Deixou passar 2 foras-de-jogos, um na primeira parte de João Mário e outro evidente na segunda parte num lance em que Montero vinha a recuar no terreno. Ambos não mereceram sequer uma imagem parada da Sportv. Por fim o critério disciplinar. Adrien numa falta não assinalada sobre Samaris e William Carvalho numa falta não assinalada sobre o Jonas (ambas nitidas no resumo acima) deveriam ter levado o amarelo ainda antes da meia-hora de jogo. Já Maxi, Eliseu, Samaris e André Almeida à primeira oportunidade não escaparam. Curioso serem logo os 2 jogadores do meio-campo e os 2 laterais. Mais curioso se torna quando nos últimos 4 jogos arbitrados por Jorge Sousa (aqui, aqui, aqui e aqui) em todos eles amarelou o médio da posição 8 e somente em 1 não amarelou o médio da posição 6.

5 comentários:

  1. Excelente análise.A melhor que eu vi sobre este jogo.Saudações Benfiquistas.

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  2. O que eu pensei sobre o jogo! Muito obrigado.
    Na minha opinião só falta referir que aqueles olés podem ter criado na equipa do sportém uma falsa sensação de que estavam a dominar e a dar baile e pode ter levado ao relaxe!!
    Saudações Benfiquistas

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  3. O SLB, jogou como sempre, simplesmente trocou um jogador do meio campo,para lhe dar maior consistencia ja que o SCP joga com 3, não contou, foi com a desinspiração total do Salvio e do LIma e da falta de acerto das decisões do Ola, senão teriam ganho a partida facilmente. Em jogos de risco tem de ser o André a jogar na esquerda, porque o Eliseu é muito fraco a defender.

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  4. A melhor analise do jogo que li. Foste dos únicos a dizer o óbvio: que o Samaris fez um corte e não um passe que correu mal.

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