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terça-feira, 5 de setembro de 2023

A autoestrada para o abismo

A fase de admiração por cada fim-de-semana destes no futebol português já passou. Sinceramente agora apenas fica o fascínio pela total falta de vergonha dos árbitros e pela imaginação e criatividade com que no dragão se encontram novas formas de atropelar a lei e a verdade desportiva.

Existe um ditado que diz que um raio não cai 2 vezes no mesmo sitio. Mas no dragão desafiam-se todas as probabilidades e pela segunda vez ocorreram problemas de ligação com o VAR e nessas 2 vezes em momentos onde o VAR precisava de actuar em desfavor do Porto. O primeiro foi num Porto vs Guimarães (o árbitro era Fábio Veríssimo) onde nos fatídicos 30 minutos de "apagão" ficou um penalty por assinalar contra o Porto e um golo marcado em escandaloso fora-de-jogo. Desta vez num penalty mal assinalado a favor do Porto esperavam que sem imagens a decisão se mantivesse. Mas parecia tão mal que Rui Oliveira deve ter dito ao Miguel Nogueira para esperar mais um bocado por uma oportunidade melhor. E assim foi.

Juntamos a esses 2 momentos os 23 minutos de compensação e um golo em fora-de-jogo para termos mais um jogo que fica em lugar de destaque nas vitrines douradas do futebol português. E é assim que o pior Porto da era de Pinto da Costa está em primeiro ao fim de 4 jornadas. Foi assim que 0 pontos nas últimas 3 jornadas se transformaram em 7.

E como verdadeiros mestres da dissimulação lá estão eles a tentar tirar o foco do que realmente interessa. Tal como a rábula do Conceição na Supertaça (o cobardezito ainda não falou desde esse dia). O que interessa é ter mais 30 jornadas como as últimas 3 e principalmente manter os adeptos alinhados e sem falarem de coisas incómodas.

É que é difícil explicar como é que um clube que no inicio do século respirava saúde financeira chega a 2023 a beira da falência tendo mais de 650 milhões de lucros em vendas de jogadores e mais algumas centenas de milhões em prémios da UEFA durante esse periodo. É difícil explicar como é que em 220 minutos contra Rio Ave e Arouca apenas fizeram 7 remates a baliza (2 deles de penalty).

Depois vêm os comunicados de Benfica e Sporting com o discurso de sempre. Como se não soubessem o que exatamente se passa em Portugal. E se no Sporting se percebe porque não pedem a demissão de Fontelas, Proença ou do Facturas (também comem da mesma gamela), do Benfica já fica mais difícil.

Justificar um apoio a Proença com um "não podemos ir em contramão na autoestrada" quando o futebol português vai por um caminho de cabras a caminho do abismo? Se os outros forem temos de ir atrás deles? Ou começamos a fazer ver aos clubes mais pequenos que nesse caminho, mesmo com a tão ansiada centralização dos direitos televisivos (traduzindo roubar o Benfica para dar aos outros que é o que une todos os clubes em torno de Proença), não vai sobrar nada para ninguém? É que dividir 0 por muitos ainda é 0.

Todos os comunicados do Benfica neste momento têm de ser direccionados para o governo e para os clubes mais pequenos. Direccionar para a Liga, FPF ou CA vale 0. Eles estão lá para aquilo e é aquilo que eles vão continuar a fazer. Para eles o Benfica só tem de ter uma palavra. DEMISSÃO. Nem precisa de dizer o motivo. Está a vista de toda a gente. Semana após semana o futebol português é GOZADO por esse mundo fora.

Ou começamos nós a liderar a mudança no futebol português ou então vamos ao fundo com ele.

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