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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Atravessámos a auto-estrada a correr ou estávamos no meio da auto-estrada e levantámos voo?

As palavras de Ricardo Araújo Pereira foram muito faladas nos últimos dias. Principalmente por um grupo de adeptos do Benfica que têm na actual administração um ódio de estimação. E existiu uma frase que me marcou. "Atravessar uma auto-estrada pode correr bem mas é estúpido".

Com esta frase estou completamente em desacordo e quero falar um pouco sobre isto porque acho que muita gente não está a ver bem a fotografia. Muitas vezes quando se perde não está tudo mal e principalmente quando se ganha não está tudo bem. E no Benfica não estava tudo bem.

Na última época, após a saída de Enzo Perez, tanto Porto como Sporting fizeram mais pontos do que nós. E isto num contexto onde nós já tínhamos realizado as deslocações ao Dragão e Braga e estávamos fora das competições europeias e Taça de Portugal. Já o Porto teve jogos da Liga dos Campeões e o Sporting da Liga Europa e da Taça de Portugal. Não fosse estar Lopetegui no Porto e provavelmente tínhamos perdido o campeonato.

Do 11 que terminou essa época os jogadores mais jovens eram Samaris, Pizzi e Salvio na casa dos 25 anos, Gaitan nos 27. Os restantes tinham todos 30 ou mais. O único jogador com mercado era Gaitan e as ultimas vendas tinham sido de jovens do Seixal para poder manter os jogadores que Jesus achava imprescindíveis. Pior do que tudo isto era não existirem à vista substitutos para os titulares. André Almeida ia tanto para a esquerda como para a direita, Lisandro no meio e Talisca substituia Gaitan, Salvio, Pizzi ou qualquer um dos avançados. Não se vislumbrava um esboço de rejuvenescimento do plantel. Um plano para o futuro.

E foi isto que Rui Vitória recebeu. Uma equipa envelhecida a precisar urgentemente de ser rejuvenescida e desvalorizada pela saída precoce das competições europeias. Juntando a isto o investimento histórico dos rivais tornavam difícil ser campeão esta época. Em condições normais teria sido mesmo um ano de transição mas não só iniciamos um rejuvenescimento do plantel como vencemos.

Com Jesus no Benfica não teria existido Nelson Semedo, Lindelof, Grimaldo, Renato Sanches e Gonçalo Guedes. Ederson apenas se lhe fosse exigido ficar com ele como foi com Oblak. E Pizzi ainda estaria a jogar no meio.

E o que Jesus fez no Benfica, está a fazer agora no Sporting. Apesar do carregamento de jogadores achou que não tinha plantel suficiente para todas as provas e ignorou as competições europeias. Com isso desvalorizou maior parte dos jogadores. Curiosamente todos os que se diz terem agora muito mercado já lá estavam e já eram os pilares das equipas de Leonardo Jardim e Marco Silva.

Quanto às contratações: Zeegelaar (25 anos), Coates (25), Schelloto (27), Bruno César (27), Naldo (27), Brian Ruiz (30), Aquilani (31), Teo (31), Barcos (32), João Pereira (32), Ciani (32, já ninguém se lembra dele). Tudo malta novinha que vai sair pelo valor das clausulas. Pelo caminho já ninguém sabe de Esgaio, Paulo Oliveira ou Mané que na época passada chegou a marcar 9 golos sem ser um dos titulares. Do 11 inicial que terminou esta época apenas 1 jogador jovem. Ruben Semedo com 22 anos. De resto todos de 25 anos para cima. E nos restantes jogadores mais utilizados apenas Gelson Fernandes abaixo dos 25.

Se calhar o Benfica fez apenas o que tinha de fazer. Olhando agora a esta distância parece que o caminho que estávamos a seguir nos ia levar a uma seca de títulos e a muitos milhões gastos para criar um novo plantel. Já o Sporting tinha começado uma equipa com Leonardo Jardim (lançou William Carvalho, Jefferson, Cedric, Eric Dier, Adrien, Slimani, Montero entre ourtos). Tinha consolidado-a com Marco Silva (apostou em Paulo Oliveira, João Mário ou Mané). Até que chegou Jesus...

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